Presente do Papa Francisco marca abertura da terceira e última Porta Santa da Diocese de Crato

Aberta solenemente na manhã deste sábado, dia 02 de abril, a terceira e última Porta Santa da Diocese de Crato, localizada no Santuário Diocesano da Divina Misericórdia, na cidade do Barro, ganhou um presente especial vindo de Roma. Trata-se de um dos tijolos usado para serrar a Porta Santa da Basílica Papal de São Pedro, no Vaticano, colocado à época do Jubileu do ano 2000, pelo então Papa João Paulo II, e retirado por ocasião da abertura da mesma porta, realizada em 08 de dezembro do ano passado, pelo Papa Francisco, no início do Ano Santo Extraordinário da Misericórdia de 2015-2016. O anúncio foi feito, ao final da missa, pelo Reitor do Santuário, Padre Arnaldo Pereira do Nascimento, ratificado, em seguida, pela leitura de uma carta assinada pelo prelado (autoridade eclesiástica) da Basílica de São Pedro, Angelo Cardeal Comastri. O texto diz que o presente foi ofertado “como sinal de profunda comunhão com o Papa, sucessor do apóstolo Pedro e de participação dos benefícios espirituais do Jubileu”.

 

O raro presente, dado que poucos Santuários do mundo o recebem, foi viabilizado pelas Irmãs Filhas de São José, de modo especial, pela superiora geral da Congregação, em Roma, Madre Maria Paula, e Irmã Neusa, que é natural do Barro. Para o Padre Arnaldo, tanto o presente quanto a abertura da Porta Santa, representam “um tempo de grande graça para o Santuário”, uma vez que “cada detalhe, cada momento, cada situação foi muito abençoado pela misericórdia de Deus”. “A gente viu quantas respostas Deus deu de misericórdia (durante todo o processo)”, disse.

 

A preparação para a terceira e última Porta Santa a ser aberta às vésperas da Festa da Divina Misericórdia, começou em setembro, quando foram vistas as formas e os detalhes que a comporiam. Depois, um grande trabalho foi iniciado junto à paróquia e toda comunidade do Barro.

 

Aos moldes do Vaticano, a feitura da Porta, de cedro, com passagens bíblicas em fibra de vidro e folhada a ouro, deve-se ao artista sacro Rubens Furtado Landim, natural da cidade vizinha, Milagres. Ele conta que buscou inspiração nas portas da Basílica de São Pedro e São Paulo – Extramuros —, bem como as demais Basílicas da cidade santa. E o resultado, segundo ele, foi um presente. “Eu nunca imaginei que fosse abrir uma porta aqui no Barro e ser eu o autor. Então, foi uma alegria muito grande”, afirmou.

 

O rito de abertura

 

Reunindo o clero diocesano, seminaristas, religiosos e religiosas, agentes de pastorais, movimentos e demais fiéis das 55 paróquias da Diocese de Crato, contando também com a presença d padres das Dioceses de Iguatu e Cajazeiras, a abertura da Porta Santa, colocada na entrada principal do Santuário, foi presidida pelo pastor diocesano Dom Fernando Panico. Após o rito, seguiu-se o cortejo, atravessando a Porta, até o altar. Lá, idealizaram o ósculo, iniciando-se o rito de aspersão. Findada esta parte, o Bispo, paramentado com a casula, prosseguiu com a Santa Missa.

 

Para a professora aposentada e pertencente à Comunidade Shalom, Rita de Cássia, que desde os 15 anos mora em Fortaleza, é grande a emoção de estar na terra natal, presenciando a cerimônia. “Eu sempre venho falando com as pessoas que eu encontro da importância de visitar uma Porta Santa e vivenciar o Ano da Misericórdia. Aos meus familiares, vou comentar que não percam a graça, que recebam, tomem posse dessa graça”, disse.

 

Limiar da Esperança

 

Na homilia feita pelo Missionário da Misericórdia, Padre Acurcio de Oliveira Barros, a reflexão foi dedicada às “Portas Santas” que temos de abrir, como ele mesmo elencou, em casa, na família, nas paróquias e associações, nas comunidades, na política, educação, segurança e, sobretudo, no coração. “Essas tantas portas devem se tornar as diversas portas santas que nós devemos fazer questão de atravessá-las”, disse. E para que isso aconteça, explicou o padre, é necessário abrir a porta do “armário interior”, a consciência, onde nos encontramos a sós com Deus e ali decidimos nossas vidas, damos significado ao nosso viver e norteamos o nosso futuro.

 

Para o Missionário, a Porta que hoje foi aberta é o “limiar da esperança”. Ao adentrá-la, somos acolhidos entre os braços misericordiosos do Pai, os braços estendidos na cruz do Filho e na ternura do Espírito Santo. “Somos acolhidos por uma comunidade, pela Palavra, pelo Pão. Reconhecemos os braços da Igreja que hoje nos espera e nos acolhe, não para nos julgar, mas para nos dar o bálsamo da salvação, dizendo-nos algo do amor de Deus, do Deus que é amor”.

 

Romaria Diocesana da Misericórdia

 

Outro ponto que marcou a cerimônia da Porta Santa foi a Romaria Diocesana, cuidadosamente preparada pelo Ministério da Liturgia, dos cânticos às leituras que deveriam ser feitas durante a peregrinação.

 

Na última quinta-feira, dia 31, o reitor do Seminário Diocesano, Padre Edson Bantim, juntos aos seminaristas Felipe Gonçalves, Leonys e Rafael Saraiva saíram de Crato, a pé, em direção ao Santuário do Barro, chegando na madrugada deste sábado. Outros peregrinos também chegaram bem cedo para ocupar os lugares onde foi possível ver a abertura um pouco mais de perto. No entorno da Matriz, era possível avistar caravanas das diversas paróquias da Diocese. No cortejo até a entrada principal, o pastor diocesano, Dom Fernando Panico, acenou, sorriu e abençoou os peregrinos.

 

“Agradeço a presença de todos vocês que, atendendo ao nosso chamado, aqui compareceram hoje. Estou feliz por encontrar-me, não somente aqui, em Barro, mas com todos vocês que representam toda a nossa Diocese. É como se hoje estivesse em todas as paróquias. Isso me deixa muito feliz, ainda que com a minha saúde um pouco enfraquecida. Hoje estamos aqui, juntos, para celebrar a misericórdia de Deus que nos acompanha, sustenta e encoraja, fortalece e nos dá aquela alegria de caminharmos unidos, como povo de Deus. É romaria. E romaria significa caminhada. Um povo que caminha, unido, na esperança, no amor. Nossa Senhora, a mãe do Redentor, nos acompanha nesta romaria e nos aponta Jesus Cristo, aquele que é o rosto misericordioso do Pai”, conclamou o Bispo aos milhares de fiéis que, atentos, o escutava em cada palavra.

 

Homenagens à Dom Fernando

 

A manhã deste sábado também reservou boas surpresas para o pastor Diocesano de Crato, Dom Fernando Panico. Saudado com longas e calorosas palmas em sua chegada ao Santuário, o Bispo também assistiu a apresentação artística do grupo “Bacamarteiros da Paz”, de Juazeiro do Norte, que, vestidos de cangaceiros, dançaram o xaxado, ritmo típico do nordeste brasileiro.

 

Ao final da solenidade Dom Fernando foi presenteado com flores e uma mitra.

 

Festa da Divina Misericórdia

 

Com a Porta Santa e celebração da Missa, também foi aberta no Santuário a Festa da Divina Misericórdia. Às três horas, está marcada para acontecer a “Hora Solene da Misericórdia”. Já às 19h, Missa e exposição do Santíssimo Sacramento dão início à noite de vigília em preparação para este domingo, dia 03, cuja programação conta com celebração eucarística presidida pelo Padre Acurcio de Oliveira Barros, às 9h.