Categoria: Basílica
21/12/2015 Por: Ingrid Monteiro
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Um dia histórico para a cidade de Juazeiro do Norte. O quarto domingo do Advento (20) foi celebrado de forma bastante especial pelos milhares de devotos que se reuniram no Largo da Capela do Socorro para celebrarem a memória do Padre Cícero Romão Batista. Este mês a tradicional “Missa do dia 20” foi celebrada com júbilo, após o recente anúncio da Reconciliação da Igreja Católica com o “Padrinho Ciço”, como assim é carinhosamente conhecido.
A Santa Missa em sufrágio da alma do Padre Cícero foi presidida pelo Bispo da Diocese de Crato-CE, Dom Fernando Panico, e concelebrada por demais sacerdotes diocesanos, como também por padres e bispos de outros Estados do Nordeste. Sob uma “chuva de pétalas” e o clamor das palmas do público, todo o clero presente conduziu um quadro com a imagem de Padre Cícero até o altar, iniciando assim a Celebração Eucarística.
A programação contou com a presença de diversas autoridades políticas, dentre elas, o governador do Estado do Ceará, Camilo Santana; o deputado e líder do governo na Câmara, José Guimarães; o deputado e presidente do diretório do partido no Ceará, Arnon Bezerra; o prefeito de Juazeiro do Norte, Raimundo Macedo e o vice-prefeito, Luiz Ivan Bezerra.
Durante a homilia, o documento escrito pelo secretário do Papa Francisco, Pietro Parolin, o qual oficializa a Reconciliação inédita da Igreja Católica com o Padre Cícero, foi lido integralmente para todo o público presente. Desde que chegou à Diocese de Crato, em 2001, Dom Fernando Panico formou uma comissão a qual deu entrada ao pedido de reabilitação do Padre Cícero na Congregação para Doutrina da Fé, no Vaticano, no ano de 2006. No entanto, o Papa Francisco foi além, deixando no passado os pontos controversos e destacando sua vida e ação evangelizadora. “É inegável que o Padre Cícero Romão Batista, no arco de sua existência, viveu uma fé simples, em sintonia com o seu povo e, por isso mesmo, desde o início, foi compreendido e amado por esse mesmo povo”, conforme ressalta o conteúdo da carta.
“Estamos celebrando esse tempo de reconciliação, em que a Igreja reconhece as virtudes sacerdotais e pastorais do Padre Cícero. É um novo olhar do Vaticano, um recomeço, para com aquele sacerdote querido do povo do Nordeste”, afirmou o Padre Cícero José, pároco da Basílica Santuário Nossa Senhora das Dores, que esteve presente na Celebração juntamente com os vigários paroquiais, Padre Aureliano Gondim, Padre Paulo Pereira, Padre Cícero Gomes e Padre Antônio Romão.
Homenagens
Em clima de gratidão, o Bispo Dom Fernando relembrou todas as pessoas envolvidas no processo de reabilitação do Padre Cícero, exaltando a memória do Monsenhor Murilo de Sá Barreto, o qual esteve em defesa da nação romeira por quase 50 anos na Paróquia Nossa Senhora das Dores, como também da Irmã Ana Teresa que, em vida, desenvolveu importante trabalho na acolhida aos romeiros do Padre Cícero. A Irmã Annette Dumoulin também foi mencionada pelo bispo diocesano, assim como outras importantes figuras que contribuíram com a causa.
Antes da Bênção final, Dom Fernando, acompanhado por demais bispos e sacerdotes, se dirigiu até o túmulo do Padre Cícero, onde depositou flores como forma de render homenagens ao patriarca de Juazeiro do Norte. Relembrando as palavras do profeta Simeão, Dom Fernando, emocionado, citou a passagem do Evangelho de São Lucas (Lc 2,29), “Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra”, fazendo referência à alegria por conta da Reconciliação do Padre Cícero.
Devotos do Padre Cícero
Segundo estimativas, a programação contou com a participação de mais de 35 mil pessoas. Simbolizando o luto pelo sacerdote nordestino, muitos devotos do Padre Cícero foram vestidos com roupas de cor preta, conforme tradicional costume na cidade de Juazeiro. O chapéu de palha foi outro elemento escolhido pelos fiéis.
Desde que a carta foi anunciada em Crato, no último domingo (13), durante a abertura da Porta Santa do Ano do Jubileu da Misericórdia, na Sé Catedral, os devotos de Nossa Senhora das Dores não param de comemorar. Aos 90 anos de idade, Maria Hermínia Monteiro fez questão de participar deste momento histórico para a cidade de Juazeiro do Norte. Com lágrimas nos olhos e um forte sentimento de gratidão, a devota disse que estava emocionada. “Não consigo nem falar de tanta emoção que sinto neste momento em que a Igreja reconhece o Padre Cícero”, afirma.
Padre Cícero morreu em 1934 suspenso de suas ordens sacerdotais. A partir da data de seu falecimento, o número de fiéis que realizam romarias a cidade que ele fundou só cresce. A aposentada Jailda Santos, de 68 anos de idade, morava no Estado da Paraíba e mudou-se para a cidade de Juazeiro do Norte há mais de 40 anos. “Felicidade é pouco para o que sinto nesse momento. Todo dia 20, participo da missa, mas esse mês está sendo muito especial”, pontua. Diversas caravanas de romeiros marcaram presença na Celebração.
Coletiva de Imprensa
Após a Santa Missa pelo Padre Cícero, a Diocese de Crato e a Basílica Santuário Nossa Senhora das Dores convidaram membros da imprensa local, estadual e nacional para uma coletiva de imprensa, a fim de esclarecer dúvidas referentes à carta do Papa Francisco sobre a Reconciliação da Igreja Católica com a memória do Padre Cícero Romão Batista.
As perguntas foram direcionadas ao Bispo Diocesano e Presidente da Comissão do Processo de Reabilitação do Padre Cícero, Dom Fernando Panico; ao pároco da Basílica Santuário Nossa Senhora das Dores, Padre Cícero José da Silva; à religiosa, membro da Comissão do Processo de Reabilitação do Padre Cícero e diretora do centro de psicologia da religião da Paróquia de Nossa Senhora das Dores, Ir. Annette Dumoulin; o chanceler da Diocese de Crato, Armando Lopes Rafael; e o coordenador da Pastoral Diocesana de Romaria, José Carlos Santos.
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